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Estimulação Cerebral Profunda (ECP)

A Estimulação Cerebral Profunda (ECP) é uma técnica neurocirúrgica que envolve a implantação de eletrodos no cérebro para modular a atividade de determinadas regiões neuronais. Essa técnica é principalmente utilizada para tratar certas condições neurológicas e psiquiátricas, especialmente quando outros tratamentos não são eficazes.

Aqui estão alguns pontos importantes sobre a Estimulação Cerebral Profunda:

  • Indicações Clínicas: A Estimulação Cerebral Profunda ou DBS é frequentemente usada para tratar a doença de Parkinson, tremor essencial e distonia. Além disso, há pesquisas em andamento para explorar seu potencial em outras condições, como epilepsia, depressão resistente ao tratamento, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e dor crônica.

 

  • Mecanismo de Ação: A Estimulação Cerebral Profunda atua modulando a atividade neural em áreas específicas do cérebro. Embora os mecanismos exatos ainda não sejam completamente compreendidos, acredita-se que a Estimulação Cerebral Profunda interfira nos circuitos neurais alterados, restaurando um padrão mais normal de atividade.

 

  • Benefícios e Riscos: A Estimulação Cerebral Profunda pode proporcionar alívio significativo dos sintomas em muitos pacientes. No entanto, como qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos associados, incluindo infecção, hemorragia, problemas com o dispositivo implantado e efeitos colaterais relacionados à estimulação.

 

  • Seleção de Pacientes: A decisão de submeter um paciente à Estimulação Cerebral Profunda é baseada em uma avaliação cuidadosa, considerando a gravidade dos sintomas, a resposta a tratamentos anteriores e outros fatores clínicos.

É essencial que pacientes e familiares discutam detalhadamente com um neurologista especializado em estimulação cerebral profunda sobre os potenciais benefícios, riscos e alternativas relacionadas à Estimulação Cerebral Profunda antes de tomar uma decisão sobre o tratamento.

 

 

 

 

Como é feito a cirurgia de estimulação cerebral profunda?

 

  • Avaliação Preliminar: O paciente é avaliado por uma equipe médica especializada para determinar se ele é um candidato adequado para a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda. Isso pode incluir exames neurológicos, imagens cerebrais e testes para avaliar a gravidade dos sintomas.

 

  • Planejamento Cirúrgico: Com base nos resultados da avaliação, os neurocirurgiões planejam a localização exata dos eletrodos no cérebro. Isso é geralmente feito usando imagens de ressonância magnética (RM) ou tomografia computadorizada (TC) do cérebro.

Eletrodo implantado no cérebro

 

  • Procedimento Cirúrgico: Durante a cirurgia, o paciente é geralmente acordado para ajudar o neurologista e o neurocirugião a monitorar a função cerebral em tempo real e garantir que os eletrodos sejam colocados corretamente. Os eletrodos são implantados em áreas específicas do cérebro, e os fios são colocados sob a pele até o local onde o neuroestimulador será implantado.

   Paciente com eletrodo implantado no cérebro e com gerador de pulsos

 

  • Implante do Neuroestimulador: Após a implantação dos eletrodos, o neuroestimulador é implantado sob a pele na região torácica. Ele é programado para enviar impulsos elétricos ao cérebro em uma frequência específica, que pode ser ajustada conforme necessário para otimizar o controle dos sintomas.

 

Paciente com gerador de pulsos implantado na região torácica

 

  • Ajustes e Programação: Após a cirurgia, o dispositivo de estimulação cerebral é programado e ajustado por um neurologista especializado para garantir que esteja fornecendo a estimulação adequada para controlar os sintomas da doença.

Paciente sob programação de DBS após a cirurgia

 

  • Acompanhamento e Manutenção: Os pacientes geralmente requerem acompanhamento regular com sua equipe médica para monitorar a eficácia do tratamento e fazer ajustes na programação do dispositivo, se necessário.

É importante notar que a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda é um procedimento complexo que requer uma equipe médica altamente especializada e experiente. Como qualquer procedimento cirúrgico, existem riscos associados, e os benefícios e riscos devem ser cuidadosamente considerados para cada paciente individualmente.

 

Estimulação cerebral profunda na doença de Parkinson

Benefícios de terapia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS) na Doença de Parkinson

Na doença de Parkinson, os principais sintomas resultam da degeneração progressiva das células dopaminérgicas na substância negra, levando à deficiência de dopamina. Os sintomas típicos incluem tremor, rigidez muscular, bradicinesia (movimentos lentos) e instabilidade postural (perda de equilíbrio).

A Estimulação Cerebral Profunda tem demonstrado eficácia no tratamento de sintomas motores avançados da DP que não são controlados adequadamente por medicamentos. Vários estudos clínicos e relatos de caso têm mostrado que a Estimulação Cerebral Profunda pode reduzir significativamente os sintomas motores, melhorar a qualidade de vida e reduzir a necessidade de medicamentos antiparkinsonianos em alguns pacientes, especialmente quando os medicamentos não são mais suficientes para controlar os sintomas ou quando causam efeitos colaterais indesejados.

A seleção adequada dos pacientes é crucial para o sucesso da Estimulação Cerebral Profunda. Os critérios de seleção geralmente incluem:

  • Diagnóstico de Doença de Parkinson: O paciente deve ter um diagnóstico claro e confirmado da doença de Parkinson, geralmente baseado nos critérios clínicos estabelecidos.

 

  • Sintomas Motor Flutuantes: A Estimulação Cerebral Profunda é mais eficaz para pacientes que experimentam flutuações motoras, como discinesias (movimentos involuntários causados pelos medicamentos) e fenômeno wearing-off (redução da duração do efeito terapêutico do medicamento), apesar da medicação otimizada.

 

  • Resposta Positiva a Medicamentos: Os pacientes devem ter uma resposta clara e positiva aos medicamentos antiparkinsonianos, mas com o tempo, podem desenvolver efeitos colaterais ou flutuações que a Estimulação Cerebral Profunda pode ajudar a controlar.

 

  • Ausência de Demência Severa: A presença de demência grave pode ser uma contra-indicação, pois pode comprometer os benefícios da Estimulação Cerebral Profunda e potencialmente aumentar o risco de complicações.

 

  • Avaliação Multidisciplinar: Uma equipe multidisciplinar, que inclui neurologistas, neurocirurgiões, neuropsicólogos e outros especialistas, avaliará o paciente para garantir que ele esteja apto para a cirurgia e que possa se beneficiar dela.

 

  • Expectativas Realistas: Os pacientes e seus cuidadores devem ter expectativas realistas sobre o que a Estimulação Cerebral Profunda pode e não pode alcançar. Embora possa melhorar significativamente os sintomas motores, não é uma cura para a doença de Parkinson.

 

  • Condições Médicas Concomitantes: Condições médicas concomitantes, como outras doenças neurológicas, podem influenciar a decisão de realizar a Estimulação Cerebral Profunda e o planejamento cirúrgico.

 

A programação da Estimulação Cerebral Profunda na doença de Parkinson é um processo contínuo e individualizado que requer expertise e colaboração entre o paciente e o neurologista treinado em programação. O manejo adequado e os ajustes personalizados são fundamentais para otimizar os resultados do tratamento e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com doença de Parkinson avançada.

 

Programação e Ajustes do DBS:

 

    • A programação inicial da Estimulação Cerebral Profunda é geralmente realizada algumas semanas após a cirurgia, uma vez que o cérebro tenha tido tempo para se recuperar e os eletrodos estejam estabilizados.

 

    • Durante as sessões de programação, um programador externo é usado para ajustar as configurações do estimulador cerebral, incluindo a frequência, a amplitude e a duração dos pulsos elétricos.

 

    • Os ajustes são baseados nos sintomas do paciente, na resposta ao tratamento e nos efeitos colaterais relatados.

 

    • O objetivo é encontrar as configurações ótimas que proporcionem alívio dos sintomas da doença de Parkinson com o mínimo de efeitos colaterais.

 

Acompanhamento e Manutenção:

 

    • O acompanhamento regular com a equipe de Estimulação Cerebral Profunda é essencial para monitorar a eficácia do tratamento, fazer ajustes conforme necessário e gerenciar quaisquer problemas ou complicações que possam surgir.

 

    • As baterias do gerador de impulsos precisam ser substituídas periodicamente através de procedimentos menores.

É essencial que a decisão de submeter um paciente à Estimulação Cerebral Profunda seja tomada após uma avaliação cuidadosa e uma discussão detalhada dos potenciais benefícios, riscos e alternativas. A seleção adequada dos pacientes e o planejamento cirúrgico adequado são fundamentais para maximizar os benefícios e minimizar os riscos associados. É importante notar que a Estimulação Cerebral Profunda não é uma cura para a DP e não impede a progressão da doença. É essencial que os pacientes e suas famílias discutam detalhadamente com uma equipe multidisciplinar, incluindo neurologistas, neurocirurgiões e outros profissionais de saúde, para tomar uma decisão informada sobre o tratamento.

 

estimulação cerebral profunda na distonia

A distonia é um distúrbio do movimento caracterizado por contrações musculares involuntárias que causam movimentos repetitivos e posturas anormais. A Estimulação Cerebral Profunda pode ser eficaz para tratar distonias que não respondem adequadamente a outras formas de tratamento, como medicamentos ou terapias físicas.

A seleção adequada dos pacientes para Estimulação Cerebral Profunda é crucial para o sucesso do tratamento. Aqui estão alguns critérios e considerações para a seleção de pacientes com distonia:

  • Diagnóstico Preciso: É essencial que o diagnóstico de distonia seja confirmado. Nem todos os tipos de distonia respondem igualmente bem à Estimulação Cerebral Profunda. Distonias primárias, como a distonia generalizada primária e a distonia cervical, são mais comumente tratadas com Estimulação Cerebral Profunda em comparação com distonias secundárias.

 

  • Avaliação Clínica: Os pacientes devem ser avaliados por um neurologista especializado em distonia e por uma equipe multidisciplinar, incluindo neurocirurgiões, para determinar a gravidade dos sintomas, a progressão da doença e a resposta a tratamentos anteriores.

 

  • Ineficácia do Tratamento Medicamentoso: A Estimulação Cerebral Profunda geralmente é considerada para pacientes que não respondem adequadamente ou que apresentam efeitos colaterais significativos aos medicamentos anticolinérgicos, benzodiazepínicos e outros tratamentos orais.

 

  • Riscos Cirúrgicos: A avaliação dos riscos cirúrgicos também é fundamental. A idade do paciente, as condições médicas coexistentes e os riscos associados à cirurgia devem ser cuidadosamente considerados.

 

  • Expectativas Realistas: É essencial que o paciente e a família tenham expectativas realistas sobre os resultados da Estimulação Cerebral Profunda. Embora muitos pacientes experimentem uma melhora significativa nos sintomas, não é uma cura e pode não eliminar completamente todos os sintomas.

 

  • Implantação de Eletrodos: Eletrodos são implantados em áreas específicas do cérebro que estão hiperativas ou desreguladas na distonia. Isso geralmente é feito usando imagens de ressonância magnética (RM) para guiar a colocação precisa dos eletrodos.

 

  • Estimulação: Os eletrodos são conectados a um dispositivo gerador de pulso (semelhante a um marcapasso cardíaco), que é implantado sob a pele, geralmente na região torácica. Este dispositivo entrega estímulos elétricos para modular a atividade neuronal e ajudar a controlar os sintomas da distonia.

 

  • Programação: A configuração e programação dos parâmetros de estimulação são ajustadas individualmente para cada paciente, com o objetivo de obter o melhor controle dos sintomas com o mínimo de efeitos colaterais.

A decisão de submeter um paciente com distonia à Estimulação Cerebral Profunda deve ser individualizada e baseada em uma avaliação abrangente que considere os benefícios potenciais, os riscos e as necessidades específicas do paciente. É crucial que os pacientes e suas famílias sejam informados sobre todos os aspectos do procedimento e participem ativamente das decisões relacionadas ao tratamento.

 

Estimulação cerebral profunda no tremor essencial

 

Critérios gerais para a seleção de pacientes com tremor essencial para DBS:

  • Diagnóstico Confirmado: O paciente deve ter um diagnóstico confirmado de tremor essencial, geralmente com base em critérios clínicos e, ocasionalmente, exames de imagem, como ressonância magnética.

 

  • Falha de Tratamento Medicamentoso: Antes de considerar a Estimulação Cerebral Profunda, o paciente deve ter tentado e falhado em responder ao tratamento medicamentoso convencional para o tremor essencial.

 

  • Impacto Significativo na Qualidade de Vida: O tremor deve causar um impacto significativo na qualidade de vida do paciente, interferindo nas atividades diárias, como escrever, comer ou realizar tarefas básicas.

 

  • Avaliação Multidisciplinar: A seleção de pacientes para Estimulação Cerebral Profunda geralmente envolve uma equipe multidisciplinar que pode incluir neurologistas, neurocirurgiões, neuropsicólogos e outros profissionais de saúde. Esta equipe avaliará o paciente de forma abrangente para determinar a adequação para o procedimento.

 

  • Contraindicações Excluídas: Existem algumas contraindicações relativas e absolutas para Estimulação Cerebral Profunda que devem ser excluídas, como condições médicas que aumentam o risco cirúrgico, distúrbios psiquiátricos não tratados ou condições que possam interferir na localização precisa dos eletrodos.

 

  • Expectativas Realistas: O paciente e a equipe médica devem ter expectativas realistas sobre os resultados do tratamento com Estimulação Cerebral Profunda, incluindo os riscos e benefícios potenciais.

É importante ressaltar que a decisão de realizar a Estimulação Cerebral Profunda deve ser individualizada e baseada na avaliação cuidadosa de cada paciente.

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